Referência: EVANGELISTA, Rafael de Almeida, FONSECA, Felipe . Reconhecimento e superação da exploração capitalista em redes criativas de colaboração e produção. . Liinc em revista, Rio de Janeiro, v. 12, n. 1, p. 25 - 39, miao 2016
Descritor(es):
CULTURA E PODER, CIBERCULTURA, ECONOMIA POLÍTICA, INTERNET, TRABALHO.
Resumo: O industrialismo, como chaga desumanizadora, vem sendo encarado como algo a ser vencido pelo menos desde o início do século XX (senão antes). O caminho para isso, para a superação da frieza mecânica das máquinas de ferro, explosão, fumaça e força, movidas por trabalho alienante, tem sido apontado como uma busca do entendimento do funcionamento e de "retorno" ao orgânico, a sistemas produtivos tidos como mais flexíveis, naturais, feitos de carne, sangue, calor e leveza. A modelagem feita sobre os sistemas biológicos e da vida subsidiou o desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação, e, respectivamente, esses sistemas têm sido usados como exemplares para explicar uma certa "natureza" das redes informáticas como auto-organizadas, evolucionárias e emergentes. Este texto busca inter-relacionar a analogia sobre sistemas de computação biológica - como desenvolvida por Tiziana Terranova -, tomada como o modo típico de gerenciamento dessas redes, com pesquisas de campo de caráter etnográfico que informam sobre laboratórios digitais e outros ambientes de produção colaborativa e reflexões de natureza política sobre relações de exploração econômica dadas nesses ambientes. O imaginário tecnoutópico, que funciona como pano de fundo para esses laboratórios e outros ambientes de criação, afirma as tecnologias de informação como instrumentos de combate à burocratização e à alienação da sociedade. Contudo, este trabalho procura ir além dessas imagens - questionando suas origens e pressupostos naturalizantes -, ao mesmo tempo que afirma as possibilidades de resistência e reinvenção diante do capitalismo informacional de matriz cibernética, contidas nos espaços de criação. Explora-se aqui a possibilidade de uma relação ambígua, por isso mesmo interessante, entre as tentativas de controle e extração produtiva, de gerenciamento capitalista de ambientes criativos, horizontalizados e emergentes, e a constituição de alternativas e de modos de vida paralelos e independentes da sociedade de consumo de mercadorias.
As redes informacionais são, na atualidade, exploradas como máquinas de produção com comportamento emergente, não centralizado, e, por isso, criativas. Podem ser concomitantemente espaços de constituição de uma vida fora (e para além) do capitalismo?
Endereço eletrônico:
http://revista.ibict.br/liinc/article/view/3689/3124 Acessado em: 19 set. 2017.
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