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Referência:
FROHMANN, Bernd . Quase contra ética da informação: lições a partir do conceito de obrigação em Caputo e da noção de liberdade em Foucault. . Liinc em revista, Rio de Janeiro, v. 11, n. 2, p. 329 - 338, nov. 2015

Descritor(es):
ÉTICA INFORMACIONAL, JOHN CAPUTO, OBRIGAÇÃO, MICHEL FOUCAULT, MEDIAÇÃO TECNOLÓGICA.

Resumo:
Em nossa visão, este é o momento de repesarmos a ética informacional. John Caputo é contra a "ética" e a favor do que chama de "obrigação". Caputo reconhece as questões ditas éticas como um grande problema moral instalado, pertencente à nossa relação objetiva com os dilemas propriamente ditos. O pensamento de Caputo provoca o domínio confortável dos estudos da ética informacional que encara as catástrofes contemporâneas - a "obrigação" é um modo de estar vinculado a um desastre, não no âmbito da razão pura prática, mas no âmbito factual. Esta é, pois, a hora de retirar o lugar seguro da ética informacional. Nossa visão questiona a força da "obrigação" em uma sociedade mediada tecnologicamente, sociedade essa constituída por distração, negligências, concentração fragmentada, anedonia (ou incapacidade de sentir prazer em situações corriqueiras de interação social e/ou cultural, como escutar uma música e ter relações sexuais). Em diálogo com a crítica de Caputo, argumentamos que a ética elaborada por Michel Foucault, baseada na liberdade, permite a identificação de possibilidades de fuga dos efeitos entorpecentes do mundo mediado tecnologicamente. Neste sentido, defendemos aqui uma ética informacional menor (small-e information ethics), ou ética baseada em preceitos não universais, interessada nos fenômenos cotidianos materialmente constituídos. A ética que propomos é apofática, sendo elaborada a partir da negação de pressupostos de uma ética informacional constituída. Não se trata nem de uma teoria filosófica dos fundamentos de princípios morais, nem de uma ética da conduta, mas, sim, de um modo não prescritivo de encarar diretamente a possibilidade de ação, mais especificamente, a liberdade de ação. Recuperando conceitos pré-modernos de informação, como formação da mente ou do caráter, doação de forma a algo, dar vida, animar, propomos uma ética informacional sem regras, códigos ou preceitos de uma racionalidade moral, uma ética constantemente perturbada pela obrigação e pela consciência de liberdade de ação. Em outras palavras, tratamos aqui de uma quase contra ética da informação, que busca os modos de nos tornarmos diferentes daquilo que somos.

Endereço eletrônico:
http://revista.ibict.br/liinc/article/view/3680/3120 Acessado em: 18 set. 2017.