Referência: GARCIA GUTIERREZ, Antonio . Proyectar la memoria: del ordo nacional a la representación crítica. Transinformacao, Campinas, v.15, n.1, p.7-30, jan./abr. 2003
Descritor(es): PESQUISA EM ORGANIZACAO DO CONHECIMENTO; MEMORIA DIGITAL
Resumo: Os seres humanos, historicamente, tem fixado suas memorias em uma diversidade crescente de meios. Atualmente, no entanto, longe da expansao criativa de novos suportes, os meios reduzem-se, de forma crescente, aos objetivos digitais. Assegura-se, desse modo, a integracao, mas garante-se tambem a sua total dependencia da mediacao externa. Nesta era de lembrancas neuroticas, deve-se ter conciencia de que a digitalizacao nao promove apenas vantagens, como as industrias culturais querem nos fazer crer, mas tambem desvantagens, especialmente em relacao aos valores culturais, a liberdade da memoria, a heteroconstrucao de identidades e ao controle do cidadao pelo proprio suporte. Esses aspectos sao frequentemente ignorados pelo pensamento dominante na Pesquisa em Organizacao do Conhecimento, sendo alimentado como tendencia pelas elites dogmaticas. O poder e sempre projetado para se perpetuar e a memoria e atualmente reescrita a partir dessa agenda imaginaria. A comparacao entre unidades hipoteticas da memoria, confinadas em registros limitados e a figura geometrica de um cubo, apesar da reducao metaforica, leva a diversas assercoes, algumas delas pragmaticas, essenciais para colocar a Pesquisa em Organizacao do Conhecimento em uma posicao, em larga medida pos-epistemologica, na qual a reflexividade e a complexidade devem comandar tanto as diretrizes quanto as acoes dos pesquisadores e profissionais. Isso porque a interacao da memoria nao e explicitavel, constituindo-se em uma complexa rede de significados aberta para a instabilidade e a constante readaptacao a "atratores culturais". A construcao da exomemoria e influenciada por preconceitos locais ou globais, dados historicamente por instancias que se encontraram alem do alcance dos cidadaos. Um deles e a ordem nacional, uma tendencia que inunda toda a existencia, da autoconciencia linguistica a engenharia do conhecimento. A teoria da Organizacao do Conhecimento deveria estar comprometida com o desvelamento dos preconceitos ao atuar nos processos de organizacao e representacao promovendo nao a recusa preconcebida, mas a renegociacao da presenca de sua retorica invisivel e real na construcao da memoria digital.
Endereço eletrônico: http://revistas.puc-campinas.edu.br/transinfo/viewissue.php?id=2 Acessado em: 20 set. 2012
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